quinta-feira, 4 de novembro de 2010

“A Situação de Serviços de Aconselhamento Psicológico”

Introdução

O presente trabalho insere-se no contexto da cadeira de Aconselhamento Psicológica e aborda o tema  A Situação de Serviços de Aconselhamento Psicológico”.

O trabalho tem como objectivo geral: analisar a situação dos serviços de  aconselhamento psicológico na Europa e  nos Estados Unidos de América.

Tem como objectivos específicos: descrever os modelos de aconselhamento psicológico na Alemanha, Reino Unido, Holanda, e em algumas universidades nos Estados Unidos de América;  apresentar críticas aos modelos, aspectos convergentes e divergentes; e sugerir um modelo de serviços de aconselhamento psicológico para ensino superior em Moçambique tendo em conta as condições sócio-económicas do país.

A metodologia usada para elaboração deste trabalho foi análise bibliográfica e  da ficha disponibilizada pelo docente da cadeira, bem como o caderno diário de apontamentos.













I - A Situação dos Serviços de Aconselhamento Psicológico


1.1  A Situação dos serviços de aconselhamento psicológico na Europa

Os serviços de Aconselhamento Psicológico na Europa, no que se refere à provisão das necessidades de desenvolvimento dos estudantes universitários, evoluíram de forma diferenciada, havendo, nalguns casos, diferenças bastantes significativas de universidade para universidade, havendo igualmente universidades que se alienam totalmente deste tipo de responsabilidade, para além de existência de muitas tradições institucionais. Gonçalves (2001:30)

Segundo a fonte, resultados do simpósio de Aconselhamento a estudantes da Europa, realizado em Setembro de 1995, em Viena, os países do sul acham desnecessário o aconselhamento psicológico, sob pretexto de que os estudantes seriam apoiados pelas suas famílias e pelas redes locais de suporte, sendo os conselheiros profissionais encarados com desconfiança.

Nos países como a França e Reino Unido, onde os estudantes vivem longe  de suas famílias de origem, as universidades naqueles países relegam a responsabilidade de aconselhamento psicológico à associação de estudantes. Gonçalves (2001:30)

Noutros países como a Holanda, Bélgica, Espanha, Grécia e Itália, o aconselhamento é frequente. Contudo, o debate sobre a relevância do aconselhamento nas universidades é mais frequente na Alemanha.


A seguir, apresenta-se uma descrição pormenorizada dos serviços de aconselhamento psicológico em alguns países da Europa de norte, nomeadamente: Alemanha, Reino Unido e Holanda.



1.1.1      Na Alemanha

Neste país o serviço de aconselhamento é mais intensivo, pois, um levantamento feito em 1994, os resultados indicam que 94% de todas as instituições de ensino superior naquele país dispunham de serviços de aconselhamento, estando cerca de 83% de conselheiros a trabalhar a tempo inteiro nesses centros, tendo eles concluído uma licenciatura, dos quais cerca de 1/3 em psicologia. Figge (1996) citado por Gonçalves (2001:30).

Segundo a fonte, num estudo de campo realizado junto de todas as instituições de ensino superior, verificou-se que quatro grandes  áreas de actividades emergiram:

  1. Orientação e informação;
  2. Aconselhamento individualizado a estudantes;
  3. Aconselhamento psicológico/psicoterapia;e
  4. Tratamento psiquiátrico/psicoterapêutica.

Entretanto, dentre estas grandes áreas de actividades, as duas primeiras estão presentes em cerca de 80% das instituições, a terceira em cerca de 50%, e a quarta em apenas 16% das instituições. Gonçalves (2001:30).

1.1.1.1 Vantagens/desvantagens do modelo

Vantagens: O modelo privilegia o aconselhamento individualizado, o que é muito bom, ao possibilitar atender estudantes com casos específicos em relação aos estudos, ajustamento escolar, familiar e social. Portanto, permite o atendimento aos estudantes que espontaneamente procuram  aqueles serviços. O atendimento individualizado vai, igualmente, assistir estudantes mais carentes de maneira pronta e contínua, na esperança de que esses, o quanto antes, integrar-se ou reintegrar-se plenamente na vida escolar.

Desvantagens: O modelo me parece estar mais virado para o tratamento psiquiátrico do que para o próprio aconselhamento no contexto educacional,  incide mais nas questões patológicos do que saudáveis, não obstante existir a componente orientação e informação, mas não espelha claramente o âmbito de sua intervenção.  

1.1.2     No Reino Unido

Nos países do  Reino Unido, sobretudo a Inglaterra e o país de Gales,   onde a tradição de jovens é de sair de sua zona de origem para acederem a uma universidade noutra região do país, à sua chegada à universidade, o estudante encontra serviços de apoio que inclui:

  1. Um serviço de aconselhamento psicológico;
  2. Um serviço de aconselhamento de carreira;
  3. Um serviço de acomodação/residência;
  4. Um apoio religioso prestado por organizações religiosas com sede no “campus” ou por outros grupos;
  5. Um serviço de saúde;
  6. Um serviço de aconselhamento pedagógico/educativo.

Porém, para além de serviços que as instituições oferecem, as associações de estudantes também dispõem de seus próprios serviços de apoio, e cada estudante pode esperar que lhe seja atribuído um tutor pessoal académico, de entre os que estão disponíveis no seu departamento.

No entanto, os serviços de aconselhamento envolvem, dentre outras tarefas, trabalho a curto, médio ou longo prazo com clientes individuais ou com grupos de estudantes; treino de outras pessoas na universidade que lidam directamente com os estudantes, sensibilização da comunidade académica em geral para as questões que mais directamente afectam os estudantes.  

1.1.2.1 Vantagens/desvantagens do modelo

No meu ponto de vista, considero este modelo como um dos melhores, ao proporcionar o apoio a estudantes em várias dimensões, pois, tratando-se de utentes que emigram de suas zonas de origem, a universidade proporciona um serviço de acomodação/residência, de modo que estes não se sintam afectados pela mudança de ambiente familiar já habituado para outro, e não só, a universidade proporciona igualmente serviços de aconselhamento pedagógico/educativo e de carreira, o que permitir que os estudantes tenham a consciência do que irão fazer no trabalho prática após a conclusão do curso.

1.1.3     Na Holanda

De acordo com Gonçalves (2001:30), na Holanda, presta-se maior atenção ao bem-estar dos estudantes, que se traduz no número de recursos humanos disponíveis para o trabalho com os estudantes, bem como pelos orçamentos disponibilizados anualmente para esta actividade.

Segundo a fonte, na universidade existem quatro momentos em que se implementam actividades específicas de aconselhamento, nomeadamente:

  1. Na transição do ensino secundário para o ensino superior;
  2. No momento de decisão após o período propedêutico;
  3. Em momentos especial de escolha, ao longo do curso; e
  4. Na transição do ensino superior para o mundo de trabalho.

Quanto aos recursos disponíveis para os alunos, nota-se a existência de professores que são também tutores com funções de orientação específicas, para além de um conselheiro de estudo por faculdade, que é um docente sem actividades de docência e que é responsável pelo bem-estar dos estudantes na faculdade.

1.1.3.1         Vantagens/desvantagens do modelo

Uma das vantagens deste modelo é de proporcionar aos estudantes a melhor transição do ensino secundário para o ensino superior, pois, como é sabido, a vida estudantil no ensino secundário é totalmente diferente ao nível superior, no que se refere às metodologias do ensino, sobretudo os desafios que o próprio sistema exige do aluno.

Outro aspecto que considero positivo é de proporcionar aos estudantes momentos especiais de escolha  ao longo do curso, ou seja, não limita os estudantes a terem que se conformar com os cursos “mal escolhidos”,  abrindo espaço para reorientação para novos cursos.

Para além dos serviços acima descritos, a instituição se dispõe de um centro de orientação de carreira, onde são proporcionados aos estudantes serviços de aconselhamento profissional, com o objectivo de os ajudar a lidar mais eficazmente com futuras situações de escolha e tomada de decisão, na medida em que promovem o auto-conhecimento.

1.1.4     Quadro comparativo de modelos de aconselhamento na Europa

N/O
PAÍS
ASPECTOS  COMUNS
ASPECTOS DIVERGENTES


O1


Alemanha

- O investimento é maior por parte dos governos  no sector da educação;
- Exigência do maior grau de profissionalismo aos técnicos que trabalham na área de aconselhamento;
- Os serviços de duração relativamente breve são gratuitos, proporcionados no próprio contexto da universidade;

- Há unanimidade quanto aos momentos identificados como maior investimento e apoio aos estudantes: o momento de entrada na universidade; o momento de tomada de decisão; o momento de transição entre  o ensino superior e a entrada no mundo de trabalho.
-  cerca de 1/3 dos técnicos são formados em psicologia;





02




Reino
Unido




- A existência de um apoio religioso prestado por organizações religiosas com sede no campus ou por outros grupos;

- A existência de serviços de apoio prestado pelas  associações de estudantes;

-Cada estudante é atribuído um tutor pessoal académico.



03



Holanda



- existência de professores que são também tutores com funções de orientação específicas;
- a existência de um conselheiro de estudo por faculdade, que é um docente sem actividades de docência.




1.2  A Situação dos serviços de aconselhamento psicológico em algumas Universidades dos Estados Unidos de América

Nos Estados Unidos, o ensino superior é caracterizado pela diversidade, dimensão e permanente mudança da sua estrutura. Na sequência da ausência de uma instituição responsável pela educação, cada instituição ou conjunto de instituições desenvolve a sua actividade segundo a sua concepção de ensino superior e de acordo com os seus próprios padrões de qualidade. Gonçalves (2001:34)

A seguir, apresenta-se três modelos de aconselhamento seleccionados em igual número de instituições de ensino superior naquele País.


1.2.1     Massachussets Institute of Technology (MIT)


O MIT dispõe de um serviço de apoio e aconselhamento, que proporciona:

  1. Aconselhamento pessoal e académico para estudantes;
  2. Consultoria dirigida às faculdades, ao pessoal, às famílias e aos amigos dos estudantes, relativa a uma variedade de dificuldades pessoais, desde os problemas de ajustamento e de estudo às situações de crises e de perturbação crónica;
  3. Apoio especial a grupos de estudantes, tal como grupos de mulheres, de estudantes negros, de estudantes portadores de deficiência e de estudantes homossexuais;
  4. Defesa dos estudantes em encontros do Comité do Desempenho Académico (CDA), nomeadamente nos encontros de final de semestre;
  5. Readmissão dos estudantes que fizeram interrupção de estudos, ou que abandonaram a universidade, quer voluntariamente, quer por decisão do CDA;
  6. Supervisão de linhas de apoio geridas por estudantes;
  7. Concessão de dispensas de exames finais a estudantes que apresentam circunstâncias pessoais extenuantes.

Portanto, este serviço conta com um a equipa de seis (6) técnicos, que realizam actividades de aconselhamento, contacto com outros serviços do MIT, supervisão, intervenções de crise e orientação de grupos com características terapêuticas. Gonçalves (2001:34/5)



1.2.1.1 Vantagens/desvantagens do modelo

Ao proporcionar apoio especial a grupos de estudantes, tal como grupos de mulheres, de estudantes negros, de estudantes portadores de deficiência e de estudantes homossexuais, vai eliminar todas formas de descriminação social.

Outra vantagem é que, para além das áreas de especialidades dos técnicos, possuem habilidades para intervenção em situações de luto e perca, dinâmicas interpessoais, abuso sexual, perturbações do comportamento alimentar, problemas académicos, depressão, ansiedade e questões de relacionamento familiar, o que vai proporcionar o aconselhamento em todas dimensões da personalidade.

1.2.2     Stanford University (SU)

Esta instituição do ensino superior possui Serviços de Aconselhamento e Psicologia que proporcionaram apoio a estudantes que experienciem problemas pessoais ou situações difíceis durante a sua estadia naquela Universidade, incluindo stress, ansiedade, desconforto interpessoal, baixa auto-estima, procrastinação, preocupações com a sexualidade, abuso sexual,  problemas familiares e/ou conjugais, problemas alimentares, luto, sentimento de solidão e isolamento social, problemas de identidade sexual, vivências de situações traumáticas, timidez, problemas de consumo excessivo, gravidez não planeada, etc. Gonçalves (2001:35)

Segundo a fonte, estes serviços dispõe de um atendimento 24 horas, e todos os processos são estritamente confidenciais, sendo as situações especiais em que não pode manter-se a confidencialidade devidamente especificadas face ao utente.



1.2.2.1        Vantagens do modelo

Uma das vantagens é que dentre os profissionais existentes, estão disponíveis conselheiros de ambos os sexos, homossexuais e de etnia mexicana/latina, afro-americana ou asiático-americana, cabendo aos utentes a escolha de profissional de preferência.
Outra vantagem é que todos os estudantes têm direito a uma avaliação e um aconselhamento breve inteiramente gratuito, sendo que os alunos que necessitarem de acompanhamento mais prolongado deverão pagar os serviços.

1.2.3     University of California, Santa Barbara (UCSB)

De acordo com Gonçalves (2001:36), esta universidade dispõe de uma clínica de atendimento à comunidade estudantil, e tem como objectivo:

  1. Servir de local de treino para estudantes de mestrado e doutoramento no programa de Aconselhamento/Clínica/Psicologia Educacional;
  2. Servir de recurso clínico de investigação para a faculdade (estudantes e funcionários, docentes e não docentes e para os estudantes no programa ACPE);
  3. Proporcionar serviços de aconselhamento e avaliação, com indivíduos, casais, famílias ou grupos, com preocupações nas áreas pessoais, vocacionais, educacionais, conjugais ou familiares. Estes serviços são proporcionados a baixo custo para os utentes;
  4. Proporcionar serviços de treino, educacionais ou de consultoria a conselheiros e educadores profissionais e paraprofissionais.

Segundo a fonte, as necessidades dos clientes são avaliadas como parte dos procedimentos de rastreio de forma a emparelha-los com conselheiros com aptidões particularmente vocacionados para o acompanhamento da(s) problemáticas identificadas. As preocupações mais comuns incluem a ansiedade e a depressão; as relações conjugais e familiares; as dificuldades académicas e as associadas à parentalidade; a gestão de stress; a assertividade; o ajustamento ao divórcio e à separação; decisões pessoais e de carreira; e as transições de vida.

1.2.3.1        Vantagens do modelo

A clínica proporciona serviços individuais de terapia a adultos, adolescentes e crianças, bem como serviços de terapia de grupo, familiar e de casal. Para tanto,  os conselheiros  acompanham os clientes recorrendo a abordagens validadas pela investigação recente e adaptadas às necessidade individuais dos clientes. 

Outra vantagem é o facto de a clínica servir de local de treino para estudantes de mestrado e doutoramento no programa de Aconselhamento/Clínica/Psicologia Educacional, o que vai permitir com que os estudantes alienam a teorias com actividades práticas de aconselhamento.

1.2.4     Quadro comparativo dos três modelos de aconselhamento nas Universidades dos EUA

N/O
INSTITUIÇÃO
ASPECTOS COMUNS
ASPECTOS DIVERGENTES


O1

Massachussets Institute of Technology (MIT)
- Os Serviços não são inteiramente gratuitos;

Ambas proporcionam apoio a utentes com problemas de stress, ansiedade, abuso sexual, depressão,  problemas familiares e/ou conjugais, problemas alimentares, luto, sentimento de solidão, isolamento social, problemas académicos,  questões de relacionamento familiar, entre outros.

Presta-se apoio especial a grupos de estudantes, tal como grupos de mulheres, de estudantes negros, de estudantes portadores de deficiência e de estudantes homossexuais;


02


Stanford University (SU)

- Estão disponíveis conselheiros de ambos os sexos, homossexuais e de etnia mexicana/latina, afro-americana ou asiático-americana, cabendo aos utentes a escolha de profissional de preferência.
- Estes serviços dispõe de um atendimento 24 horas, e todos os processos são estritamente confidenciais




03



University of
California, Santa
Barbara (UCSB)



- Para além de servir a camada estudantil, presta serviços individuais de terapia a adultos, adolescentes e crianças, bem como serviços de terapia de grupo, familiar e de casal.

- Proporciona serviços de treino, educacionais ou de consultoria a conselheiros e educadores profissionais e paraprofissionais.

- Servir de recurso clínico de investigação para a faculdade.



1.3   Proposta de modelo de Aconselhamento Psicológico para ensino superior em Moçambique

Olhando naquilo que é a realidade do nosso país, em que ao nível do ensino primário e secundário não existem serviços de aconselhamento psicológico e nem de orientação educacional/vocacional dos estudantes, a proposta do modelo no ensino superior, deve incidir sobre as várias dimensões da personalidade, como resultado do défice que este trás consigo dos subsistemas de ensino anteriores.

Assim, o serviço de aconselhamento psicológico no ensino superior deve responder, dentre os vários aspectos, o seguinte:

  • O ajustamento do estudante à faculdade, de modo a formar uma mentalidade universitária de que se inicia na vida estudantil
  •  Orientar a sua  integração às novas condições de estudo que a faculdade lhe proporciona;
  • O estudo das suas aptidões, tendo em vista a orienta-lo  conhecer suas aptidões, interesses e aspirações ligadas a um propósito de vida, ou seja, conhecer as possibilidades biopsicossociais do estudante;
  • Prestar esclarecimentos profissionais, com relação ao curso escolhido, situação actual no mercado de trabalho, actividades afins, entre outras;
  • Auxiliar os estudantes que não progridem satisfatoriamente em seus estudos, no concernente as suas aptidões;
  • Orientar para que o estudante escolha o curso/profissão que melhor se lhe ajuste;
  • Reorientação de curso, sempre que possível, para os estudantes que não se estejam ajustados aos cursos escolhidos;










Conclusão

O aconselhamento no contexto educacional é um processo de auxiliar o indivíduo/estudante a escolher uma profissão, a preparar-se para a mesma, e nela ingressar e progredir. Portanto, os serviços de aconselhamento psicológico devem proporcionar os utentes a descobrir  e usar seus dotes naturais e tomar conhecimento das fontes de treinamento disponíveis, de modo que possam viver, assim tirarem o máximo proveito para si e para a sociedade onde se encontram inseridos.  

Analisando a evolução dos serviços de  aconselhamento psicológico em alguns países da Europa,  denota-se claramente um desequilíbrio entre as regiões norte e sul. Por um lado, encontramos  a zona sul que ao longo dos tempos os governos se abstiveram  desses serviços, relegando-os para terceiros, e por outro lado, encontramos o norte a Europa onde esta actividade se desenvolveu com maior perfeição, ou seja, os governos desses países investiram nesse sector.

Contudo, a tendência actual é de um aconselhamento mais profissionalizado a ser implementado num maior número de países, incluindo nos países do sul da Europa, devido as intercâmbios cada vez mais frequentes entre países, nomeadamente a união europeia, fomentadas por organizações como a FEDORA.

Com relação aos Estados Unidos de América, denota-se as disparidades dos modelos de universidade para universidade, situação essa propiciada pela falta de uma instituição central responsável pela educação. Contudo, há que reconhecer os esforços que as universidades naquele país têm empreendido com vista a  melhoria da qualidade de formação técnico-profissional dos educandos e o a sua inserção no mercado de trabalho.

Para o caso de Moçambique, há que incitar os governantes a mudança de atitude, de modo a implantar estes serviços gradualmente em todos os sistemas de ensino, pois, os recursos humanos já estão disponíveis, em parte, faltando apenas a vontade política por parte de quem tem o poder de decisão.    
Bibliografia

GONÇALVES, Isabel.(2001). Serviços de Aconselhamento Psicológico em contexto Universitário: o papel da terapia Cognitivo-comportamental. Lisboa.

NÉRICI, Imídeo G. (1992). Introdução à Orientação Educacional. Edição Atlas. 5ª Edição. São Paulo 

Caderno Diário de apontamentos da Cadeira de Aconselhamento Psicológico.

Aconselhamento psicológico no ensino primário, básico e secundário

Introdução


O presente trabalho enquadra-se no contexto da cadeira de Aconselhamento Psicológica e aborda o tema “aconselhamento psicológico no ensino primário, básico e secundário”.
O trabalho tem como objectivo geral: analisar o aconselhamento psicológico no ensino primário, básico e secundário.  
Tem como objectivos específicos: caracterizar o aconselhamento psicológico no ensino primário, básico e secundário na perspectiva africana; identificar o grupo alvo em cada nível de ensino e objectivos do aconselhamento; e comparar os modelos de aconselhamento nos três níveis de ensino, indicando aspectos comuns e divergentes.
 A metodologia usada para elaboração deste trabalho foi a consulta bibliográfica cujo autor consta na página reservada à bibliografia.






I - Aconselhamento Psicológico no ensino Primário, Básio e Secundário

1.1   Aconselhamento psicológico  no ensino Primário

1.1.1        Objectivos

A orientação e o aconselhamento no ensino primário visa ajudar a prevenir problemas com os quais as crianças se podem deparar no funturo.  Alguns destes problemas, incluem dificuldades de aprendizagem e um comportamento desviante.  Assim, a orientação e aconselhamento psicológico no ensino primário visa a  detenção precoce e a prevenção dos problemas, pois  quanto  mais cedo se identifica um problema de comportamento nas crianças, mais depressa o aconselhamento pode ser providenciado  para resolver o problema. Mwamwenda (2004:342)
Para além dos objectivos acima descritos,  o aconselhamento visa também descobrir as habilidades que cada criança possui, seus interesses, e prestar esclarecimento sobre as oportunidades que o sistema de ensino oferece, bem como sobre as profissões, em geral.     
1.1.2        Grupo alvo
O ensino primário referido pelo autor, corresponde ao actual ensino básico no Sistema Nacional de Educação  em Moçambique, isto é da 1ª à 7ª Classe, que congrega crianças com idades compreedidas entre 6 à 12 anos.
1.1.3        Carcateristicas do aconselhamento  psicológico
A orientação e o aconselhamento psicológico no ensino primário abrange  4 áreas, nomeadamente, pessoais, sociais, vocacionais, e educacionais. Mwamwenda (2004:342)

a)      Orientação e aconselhamento pessoal


Nesta área, a orientação e o aconselhamento incide sobre os problemas pessoais que as crianças vivem, tais como sentimentos de solidão, de indecisão, de inadequação, de rejeição, de ódio e apatia por si mesmas, de inferiori dade, entre outros.
Neste contexto, o trabalho do orientador é de ajudar o aluno a combater estes aspectos de comportamento  negativos e transformá-los numa perspectivas de si mesmas, sendo esta uma das principais responsabilidades, quer dos orientadores, quer dos professores. Mwamwenda (2004:342)
b)     Orientação e aconselhamento social e emocional

Esta orientação visa responder aos problemas que advém da interacção com outras crianças, professores, pais, irmãos, e vários membros da comunidade, pois, em face dessas interacções, as crianças podem sentir a satisfação social e emocional, como também podem sentir dificuldades. Mwamwenda (2004:343)
Segundo a fonte, para além dos problemas sociais e emocionais  acima descritos, o orientador pode deparar com problemas anti-sociais, que incluem roubar, vandalismo, copiar nos testes e exames, e mentir. Nestes casos, o orientador deve procurar identificar a causa de tais comportamentos e encontrar uma solução para o problema.
c)      Orientação e aconselhamento vocacional

Partindo do pressuposto de que as crianças estão familiarizadas com a ideia de uma vocação, a partir de observação que fazem aos pais e familiares em geral, professores e outros, é necessário que o programa escolar familiarize os alunos com o mundo de trabalho, para que elas possam desenvolver a atitude e o conhecimento necessários enquanto crescem. Mwamwenda (2004:342)
Segundo a fonte, a ênfase  deve residir na exploração das oportunidades de emprego, mais do que numa selecção específica de emprego, através das áreas de interesse vocativo.
d)     Orientação e aconselhamento educativo
Nesta área o orientador se dirige aos problemas do trabalho escolar, os quais pode incluir os problemas educativos, actividades baseadas na profissão, competências de estudo, educação sexual e a forma como se avaliam os interesses e os exames.
O trabalho consiste em ajudar os alunos que setem problemas com o seu trabalho escolar e de encorajar aqueles que estão menos motivados no seu trabalho escolar; aqueles que vão bem devem ver o ser desempenho reforçado.  No entanto, sejam quais forem os problemas educativos com que os alunos possam se deparar, eles têm de ser encaminhados e tratados. Para tanto, o orientador deve ter em mente que muitos problemas educativos não surge isoladamente, por isso, a casa, a escola, as comunidades, e os próprios amigos podem ser a causa desses mesmos problemas. Mwamwenda (2004:342)

1.2 - Aconselhamento Psicológico no ensino básico
1.2.1        Objectivos
Para além de ajudar a prevenir problemas com os quais as crianças se possam deparar no funturo, o aconselhamento psicológico no ensino básico tem como objectivo proporcionar às crianças mais informações sobre o mundo de trabalho; ajudar os alunos a lidar com as mudanças físicas pelas quais estão a passar; desenvolver um sentido de responsabilidade e independência; entre outros.  
1.2.2        Grupo Alvo
Segundo o novo Sistema Nacional de Educação, o ensio básico corresponde ao ensino secundário geral do 1º ciclo, ou seja, da 8ª à 10ª Classe.
1.2.3        Carcaterística do aconselhamento psicológico
À semelhança do ensino primário, muitos dos problemas com que os alunos do ensino primário e secundário se deparam são partilhados pelos alunos do ensino básico. Portanto, a  orientação e o  aconselhamento psicológico no ensino básico  abrange  4 áreas, nomeadamente, pessoais, sociais, vocacionais e educacionais, cujas características são as mesmas em todos os níveis de ensino.
Outrossim, enquanto o orientador lida com alunos, ele deve consultar outra figura de autoridade dentro da escola e da comunidade. Para o efeito, deve trabalhar em conjunto  com os professores para encontrar formas apropriadas de solucionar alguns problemas que os alunos possam apresentar, seja no seu trabalho na escola, seja nas relações inter-pessoais.

1.3  Aconselhamento Psicológico no ensino secundário

1.3.1 Objectivos

No ensino secundário, o aconselhamento visa preparar os alunos para o ingresso no ensino superior, prestando-lhes esclarecimentos sobre os cursos superiores disponíveis nas universidades moçambicanas, as habilidades necessárias para cada curso e  sua aplicabilidade tendo em conta o mercado de trabalho em moçambique.
Para além de preparação dos alunos para o ingresso no ensino superior, o orientador tem a tarefa de  auxiliar os estudantes a escolherem uma profissão em função das suas habilidades e interesses, prepararem-se para a mesma, e nela ingressarem e progredirem.
1.3.2 Grupo alvo

O ensino secundário, na perspectiva do autor, refere-se ao 2º ciclo do ensino secundário geral no Sistema Nacional de Educação em Moçambique, neste caso a 11ª e 12ª Classes.


1.3.3 Características do aconselhamento psicológico


A orientação e aconselhamento ao nível do ensino secundário difere dos do nível primário e básico, por tratar-se do período de transição que os alunos da escola secundária vivem assim que entram na fase adulta. Na área de orientação profissional, os alunos deparam com a realidade tangível de se juntarem ao mundo de trabalho ou de prosseguirem programas que os irão preparar para a força do trabalho.  Noutras áreas como a orientação e aconselhamento educacional, pessoal e social, eles assumem um maior nível de independência e responsabilidade que inclui a interiorização dos valores humanos e o desenvolvimento de uma filosofia de vida pessoal. Mwamwenda (2004:345)

1.4  Análise comparativa do aconselhamento nos três níveis de ensino


N0
Níveis
Aspectos comuns
Aspectos divergentes


01


Primário


Muitos dos problemas com que os alunos se deparam são comuns nos 3 níveis de ensino;
A orientação e o aconselhamento  ocorre em 4 áreas: pessoais, sociais, vocacionais, e educacionais;
Alguns problemas dos estudantes do  podem ser solucionados através de um aconselhamento individual, e outros através de um aconselhamento em grupo;
Em ambos os níveis o orientador pode se deparar com casos de comportamentos anti-sociais, que incluem roubos, furtos, vandalismo, consumo de drogas, copiar nos testes e no exame, entre outros.  
Em ambos os níveis o orientador trabalha com os professores, com os pais, e com os próprios alunos, de forma a encontrar soluções para os problemas existentes.
Maior ênfase na prevenção de problemas, isto é, ajudar a prevenir problemas com os quais as crianças se podem deparar no funturo;
Ênfase na exploração das oportunidades de emprego, do que numa selecção específica de emprego.



02



Básico

Maior esclarecimento e orientação sobre o mundo de trabalho; Auxilio na escolha de uma determinada profissão e seu acompanhamento;
Maior esclarecimento sobre as transformações físicas em curso no organismo dos alunos;

03

Secundá
rio

A orientação e aconselhamento no ensino secundário difere dos do nível primário e básico, por tratar-se do período de transição que os alunos da escola secundária vivem assim que entram na fase adulta;
O aconselhamento educacional, pessoal e social assumem maior independência e responsabilidade, que inclui a interiorização de valores humanos. 


Conclusão
O aconselhamento psicológico no contexto educacional é um processo de auxiliar a criança/estudante a escolher uma profissão, a preparar-se para a mesma, e nela ingressar e progredir em função das suas habilidades, capacidades e interesses.
Portanto, os serviços de aconselhamento psicológico no contexto educacional, devem proporcionar aos alunos descobrir  e usar seus dotes naturais de modo que possam viver, assim tirarem o máximo proveito para si e para a sociedade onde se encontram inseridos.
No entanto, é importante que a orientação e aconselhamento sejam introduzidos o mais cedo no ensino primário, para que as crianças possam encontrar soluções dos seus problemas, pois, tal como os adultos, as crianças têm os próprios problemas que requerem aconselhamento e orientação ao seu nível, e a criança, mesmo com muita pouca idade, é encorajada a ter um papel integral no planeamento das formas de resolver seus problemas. 
As áreas de intervenção nos três níveis de ensino são comuns, nomeadamente,  pessoais, sociais, vocacionais, e educacionais. Porém, chama-se atenção ao papel do orientador para procurar solucionar o problema tendo em conta o nível de desenvolvimento psicomotor da criança, pois o tratamento a ter com uma criança do ensino primário não será o mesmo com um aluno do ensino secundário, pese embora o problema seja semelhante.
Entretanto, o aconselhamento psicológico e orientação no ensino secundário, difere dos restantes níveis de ensino, pois trata-se do período de transição que os alunos da escola secundária vivem assim que entram na fase adulta, dai que o aconselhamento deve proporcionar aos alunos para que após a conclusão do ensino secundário possam ocupar o lugar que lhes espera na sociedade, e nela possam progredir, como resultado de todo o processo de formação instrução que decorreu durante os 12 anos de escolarização.   



Bibliografia
MWAMWENDA, Tuntufye, (2004), Psicologia Educacional: Numa perspectiva Africana, Texto Editores Lda, Edição hoje, Moçambique.